Quem vê do alto a dança das árvores, ou caminha pelos corredores do Hotel de Lençóis, cercados por vegetação exuberante não imagina que toda essa beleza nem sempre esteve ali.
O Hotel está localizado no alto da Cidade e dentro do centro histórico de Lençóis, Bahia. Esta área é tombada (protegida) pelo IPHAN como Monumento Histórico Nacional, e está no limite geográfico do Parque Nacional da Chapada Diamantina, referência para quem procura turismo histórico/cultural e de natureza no Brasil e no mundo.
A Cidade de Lençóis é ponto de partida para conhecer lugares incríveis como o Vale do Pati, o Morro do Pai Inácio, grutas da Lapa Doce, Pratinha, Poço Azul, Poço Encantado e mais de uma centena de outros passeios e atrações.
Quando o Hotel de Lençóis foi inaugurado, na época ainda chamado de Pousada de Lençóis, toda área de terreno havia sido desmatada para formação de pastos. O antigo proprietário desta área também operava ali a primeira lapidação de diamantes movida a roda d’água da Chapada Diamantina e mantinha uma espécie de estábulo para cavalos.
Os compradores de diamantes chegavam em Lençóis montados a cavalo, deixavam o animal cansado da viagem neste estábulo e ali mesmo alugava um outro animal para correr os garimpos e negociar as pedras com os garimpeiros. No regresso, o comprador devolvia o animal alugado e pegava o seu cavalo descansado, bem alimentado e regressava a sua praça.
Quando a Pousada de Lençóis começou a ser construída toda a área, hoje coberta com árvores, arbustos e plantas variadas, era tomada de pastos divididos por cercas de pedras arrumadas e forradas com os gigantes capim elefante que até hoje ainda resistem em alguns cantos do terreno.
Nessa extensão de cerca de quatro hectares que margeia o Rio Lençóis restavam apenas quatro árvores de pé (pasto precisa de muito sol). Uma delas, um exuberante jenipapeiro, resiste até hoje e ainda oferece sua sombra e frutos aos hóspedes do Hotel de Lençóis. Pelo que representa, o velho jenipapeiro se tornou um xodó para a equipe do Hotel.
O processo de transformação do terreno de pasto para bosque foi longo e cuidadoso. Hoje, 41 anos depois, são dezenas de espécies – de jacarandás, cedros, paineiras, cerejeira, falsa castanha, angico branco, imbaúbas, teca, sibipiruna, palmeiras diversas, cortiça, ipês amarelo, roxo, rosa e branco; e muitas outras – que encantam visitantes de todas as partes do mundo.
Novas mudas continuam sendo plantadas e cuidadas todos os dias. São árvores, arbustos, flores e jardins que podem ser encontrados nas varandas dos apartamentos, nos corredores de acesso, à beira da piscina, no estacionamento, no bosque, no Restaurante Roda D’Água (nome que também é uma homenagem à história do lugar). Praticamente todos os espaços do Hotel de Lençóis exibem plantas cuidadas com carinho e atenção pela equipe de jardinagem e paisagismo.
Na beira da piscina por exemplo, chama a atenção uma linda trepadeira de nome congéia – grande caramanchão verde tropical que entre os meses agosto e novembro fica coberta por pequenas flores rosa claro e é ponto disputado para fotos e registros de viagem.
Na área do estacionamento, uma árvore dos alagados amazonenses parece saída de filmes de fantasia. Do caule da castanha-de-macaco, ou abricó-de-macaco (couroupita guianensis), brotam enormes ramos com flores vermelho vinho. Era esta a árvore preferida do paisagista Roberto Burle Marx em seus projetos (aterro do Flamengo no Rio de Janeiro e outros). O perfume e a beleza das flores tomam todo o lugar criando uma experiência mágica de contato com a natureza. As árvores, plantas, flores, frutos silvestres atraem toda espécie de beija-flor, sabiás, assanhaços, pássaro preto, pega, sofrer, chorrotão, cancã, sete cores, jandaias, casaco de couro, anum preto, anum branco, maria preta, caga sebo, estevam, jacu e muitos outros, fazendo do cenário um convite perfeito para os amantes da natureza.
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